Videoarte em parceria com o Neabi conta a história da Sociedade Recreativa União Operária

Criciúma (SC)

Com a ideia central de preservar a história negra de Criciúma e do Sul do estado, está em produção o videoarte intitulado “Negritude em Criciúma: A Conctibuição do Clube dos Morenos na Representatividade do Povo Negro da Região Carbonífera”.

Por meio de um relato afetivo em audiovisual que dará estrutura à história cronológica do ativista Vilson Lalau e do amigo Valmor Ignacio Vicencia, o material conta a história da Sociedade Recreativa União Operária e a contribuição na representatividade do povo negro. 

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O audiovisual, produzido pelo acadêmico de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação Criativa (EcoCria), da Unesc, Marciano Alves, é composto por entrevistas com o ex-presidente do clube, Valmor Ignacio Vicencia; da coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), da Unesc, Normélia Ondina Lalau de Farias, filha de Vilson Lalau, além de pessoas da comunidade e historiadores do tema.

“O projeto tem a intenção de proporcionar o resgate cultural do movimento negro da região, o senso de pertencimento e o incentivo ao reconhecimento da cultura negra pela própria comunidade. Além disso, queremos valorizar as origens africanas para o fortalecimento das histórias esquecidas por conta do preconceito e identificação com personalidades que representam o poder negro regional”, conta Alves.

“Pretende-se apresentar nesse projeto um videoarte sobre um fragmento da história negra de Criciúma por meio de entrevistas, com pessoas chaves para construir a história sobre o Clube dos Morenos. Com uma equipe de profissionais da própria região de Criciúma e com a parceria do Neabi”, acrescenta. 

O videoarte será lançado a partir das 19h15min da próxima segunda-feira (12/08), na sala de reuniões do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE), no Bloco Q.

História viva

A dupla que deu continuidade ao trabalho realizado no clube localizado no Bairro Santa Bárbara é emblemática na militância negra de Criciúma e do Sul. “O Marciano me procurou para falar de um videoarte que ele estava produzindo. Deixei que falasse, e fui me surpreendendo porque ele gostaria muito de falar a respeito da União Operária a partir de um nome que para ele foi muito importante: Vilson Lalau. Eu continuei ouvindo, não me manifestei, embora a vontade de falar que o Vilson é o meu pai era grande”, relata a coordenadora do Neabi, Normélia Ondina Lalau de Farias.

“O Marciano relatou que estudou na escola Professor Vilson Lalau e que, até então,  não tinha se dado conta de quem era aquela pessoa. E a partir do momento que soube que se tratava de um homem negro que teve uma importância e contribuição muito grande também na educação de Criciúma, principalmente, no movimento negro.  Então, ele decidiu que produziria um audiovisual sobre o União Operária, um espaço de resistência negra, que não era um local apenas para recreação, mas também importante no âmbito político”, acrescenta.

Recordações

Até hoje, Normélia vive na casa em que cresceu com os pais e destaca que conceder a entrevista para o videoarte lhe trouxe à tona muitas lembranças. “Recordei a infância, o próprio espaço onde crescemos, de outras pessoas que não só frequentavam a nossa casa, mas eram amigos dos meus pais. Recordações que talvez eu não tivesse se não parasse para repassar as informações necessárias para o vídeo. Foi emocionante”, recorda.

“É uma produção que traz ricas histórias, até porque não fui a única a participar. Outras pessoas também deram depoimentos, cada um com a sua visão. Em breve será lançado e as pessoas terão acesso e poderão saber mais sobre o União Operária e sobre quem foi Vilson Lalau. É um registro muito importante que não fala só dele, mas também de outras pessoas da época, inclusive sobre a companheira dele, que é a minha mãe”, enaltece Normélia.

Acesso a todos

O material ficará disponível no Youtube, por meio do link: https://www.youtube.com/watch?v=eslL0pSH4E4, além de ser exibido em escolas públicas municipais de Criciúma, na Unesc, podendo ainda se tornar acervo cultural Museu Afro-Brasil-Sul (MABSul).

Além da parceria com o Neabi, o projeto idealizado por Marciano Alves também foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo.

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